sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aumenta estresse do paulistano no trânsito

por Gabriela França
foto: Gabriela França



A cidade de São Paulo sofre com a falta de planejamento urbano do trânsito. São horas perdidas em grandes engarrafamentos. Com isso, vem o estresse.

O estresse é uma doença do século XXI, que se desenvolve dependendo de como a pessoa reage fisiologicamente e psicologicamente a um acontecimento entre a pessoa com a sociedade ou com outra pessoa. Se passar a ser crônico se torna perigoso, podendo levar à ansiedade e causando problemas cardíacos, musculares, insônia e falta de memória.

De acordo com a doutora em psicologia do trânsito e diretora do Departamento de Psicologia da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Raquel Almqvist, um sintoma que se verifica nos humanos, principalmente nos homens, é a busca por sensações. “ No trânsito é possível encontrar o desafio em relação à velocidade. Normalmente, as pessoas com esse sintoma não conseguem seguir uma rotina e se tornam inquietas. Nesse momento, elas buscam uma situação de risco. Dentre as mais comuns está o consumo de álcool e drogas antes de dirigir, causando acidentes”, diz a doutora.

O veículo de uma pessoa que está estressada, torna-se instrumento de competição. A agressividade inerente a toda competição é acentuada pelo estresse, como se o corpo reagisse de forma mais animal e instintiva, levando por água abaixo todos princípios de civilidade e boas maneiras. Temos então, um quadro caótico de motoristas mal-humorados, agredindo-se mutuamente, utilizando-se de suas máquinas para desempenhar uma luta sem vencedores.

Segundo recente estudo da IBM, 73% dos motoristas, de São Paulo, declararam que o trânsito afeta à saúde negativamente. Outro dado mostra que 55% dos entrevistados apontam que o tráfego urbano é responsável direto pelo aumento de estresse do dia a dia. O índice é o segundo maior, ficando atrás apenas da Cidade do México, que conta com 56%. E não é só o humor do paulistano que é afetado, 38% dizem ter o desempenho no trabalho ou na escola comprometido.

Aluísio Batista, foi motorista de ônibus por 11 anos e conta que foi afastado da empresa em que trabalhava depois de ser constatado, através de laudo médico, estafa mental. ”Eu já não aguentava mais aquele trabalho. Estava tão estressado que chegou uma hora em que eu já não parava no ponto pra pegar passageiros, eu passava reto e ainda fazia um gesto obsceno”, conta Aluísio. Segundo o ex-motorista de ônibus, é muito difícil conviver todos os dias com o caos nas ruas de São Paulo e não se irritar.

Uma pesquisa realizada esse ano com 500 motoristas paulistanos, sugere quais são as principais razões de estresse e de comportamentos agressivos ao volante. Ser "fechado" numa estrada foi motivo de irritação de 96,2% dos entrevistados, seguido por ter alguém dirigindo muito próximo ao seu pára-choque traseiro ou com farol alto. Ter sua vaga "roubada" por outro veículo na espera para estacionar também foi citado.

Não se estressar com os congestionamentos que param, durante um longo período de tempo, a nossa cidade é difícil, mas não impossível. Um estudo canadense mostrou que, em situações de trânsito caótico, os motoristas que ouviram músicas de sua preferência no caminho para a escola ou trabalho, relataram ter menos estresse do que aqueles que não ouviram música.

A diretora fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS) e do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress (LEPS), Dra. Marilda Emmanuel Novaes, revela que a melhor coisa a se fazer em um momento de estresse no engarrafamento, é relaxar, apesar de difícil. “Aproveite para tirar férias mentais. Se você não pode fazer nada para mudar a situação, ao invés de ficar buzinando, tensionando ainda mais o ambiente que já está tenso, relaxe.Transporte-se mentalmente para um lugar que você goste ou para situações agradáveis que você viveu. É uma técnica prazerosa e muito eficaz”, indica a doutora.

Raquel Almqvist também dá dicas de como evitar a chateação no trânsito."Solucionar o estresse é mais fácil do que solucionar o trânsito da cidade de São Paulo, então não custa tentar. Se pra você o estresse é inevitável, é necessário aprender a extravasá-lo de alguma forma. Praticar exercícios físicos e aeróbicos é uma boa opção para tentar voltar à condição normal”, finaliza Raquel.

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